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Texto: Sempre esperançoso, mas descontente



SABEDORIA não significa o acúmulo de conhecimentos, mas a sensibilidade para aprender as lições presentes em cada coisa que se vive, se lê, se ouve. Em outras palavras, a sabedoria consiste na humildade de enxergar-se como um eterno aprendiz.


AQUELE QUE ACHA que sabe tudo, retira da alma o sabor da novidade, pois acredita não ter mais nada a aprender. Quem assume tal postura acaba se tornando extremamente autossuficiente, iludido, sozinho e, consequentemente, infeliz.


AQUELE QUE CONSIDERA que não tem nada a aprender com os outros e com a vida, torna-se arrogante e infantil, pois se fecha em seu mundo crendo nas falsas e irrevogáveis verdades criadas por si mesmo.


EU TENTO refletir sobre tudo que vejo, ouço e leio. Por exemplo, como aprendi a admirar uma música, um clássico do rock, da banda Rush: a canção TOM SAWYER. Os mais antigos, como eu, vão se lembrar que a canção era o tema de abertura de uma famosa série de TV: MacGyver (ou “Operação Perigo”, como foi chamada no Brasil).


A MÚSICA se refere a uma versão moderna de um homem independente e confiante, a versão contemporânea do personagem Tom Sawyer, dos livros de Mark Twain. Puxa, eu quero ser esse cara! Em parte, felizmente, eu já sou.


A PRIMEIRA FRASE da canção com a qual me identifico: “sempre esperançoso, mas descontente” (“always hopefull, yet discontent”). Ah, como eu entendo o Tom Sawyer da canção! Também sou uma pessoa cheia de esperança por um país melhor (tanto que até hoje me dedico à educação, por meio de aulas, palestras e livros). Todavia, estou descontente, em iguais proporções.


NÃO FALTAM MOTIVOS para meu descontentamento. Citarei apenas um. Uma das minhas paixões é ler e escrever. Já escrevi alguns livros que tiveram um relativo êxito.


O BRASIL tem 203,1 milhões de habitantes, segundo o Censo de 2022 do IBGE. De toda a população, apenas 16% das pessoas acima de 18 anos compraram livros no período de um ano (não é surpresa a falência de livrarias, gráficas e editoras por todo o país).


EU ACREDITO que um país é feito por pessoas e livros, como dizia Monteiro Lobato. Um país de apenas livros não é um país, mas uma biblioteca. Um país de pessoas sem livros, não é um país, mas um grande pasto, onde uma massa populacional inculta é conduzida, como um rebanho de ovelhas, por aqueles que são os detentores do poder, do conhecimento, das riquezas (na maioria das vezes são sempre os mesmos, pois quem detém uma dessas coisas, detém as demais).


Mas, como Tom Sawyer, sigo sempre com esperança. Afinal, serei sempre um educador e um empresário da educação. Para fazer isso no Brasil, tem que ter MUITA esperança.


Prof. Flávio Martins


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